LEXICAL TEACHER: o que é e o que faz?

Lexical Teacher!? O que é isso!? O que esse profissional faz!? Qual a diferença dele para o traditional teacher

Se você é professora ou professor de inglês, quero te convidar entrar no universo do Lexical Teacher. Entenda melhor a ideia e saiba como se tornar um LEXICAL TEACHER.

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Vamos ao que interessa!

Antes um pouco de história

Eu – Denilso – comecei a dar aulas de inglês em 1993. Comecei ensinando de modo voluntário. Eu dava aulas de reforço para crianças e adolescentes na igreja que eu frequentava. Como acontece no ensino regular de inglês, o meu trabalho era ensinar gramática e vocabulário.

Depois, em 1995, fui parar em uma escola de inglês. Ao fazer o treinamento, eu notei que teria de ensinar gramática, vocabuláriopronúncia. A única diferença foi essa: ensinar pronúncia.

Ao longo dos anos, trabalhando em outras escolas de idiomas, eu continuei observando que – embora o método ou abordagem da escola mudasse – a base continuava sendo o ensino de gramática, vocabulário e pronúncia.

Ou seja, eu tinha de ensinar regras e termos gramaticais – present perfect, prepositions, conditionals, present simple, etc. O vocabulário se resumia a ensinar listas de palavras, phrasal verbs e, vez ou outra, um idiom (expressão idiomática). Já na pronúncia, o foco era ensinar os sons do th, os minimal pairs, dar dicas que facilitassem a pronúncia e coisas do tipo.

Isso me incomodava muito! Por mais que eu tentasse fazer algo diferente no final tudo se resumia a essas três coisas: ensinar gramática (regras e termos técnicos), vocabulário (lista de palavras, expressões aleatórias, etc.), pronúncia (sons isolados da língua inglesa).

Esse era o modo tradicional, o jeito padrão,  de ensinar inglês. Eu estava incomodado com aquilo. Eu queria encontrar algo novo, diferente. Algo que deixasse não só o ensino – mas também o aprendizado – de inglês mais dinâmico, divertido, interessante, descomplicado.

Uma luz no meio da mesmice

Em 1997, eu estava na recepção de uma das escolas em que trabalhava quando vi uma revista para professores sobre uma mesa. Essa revista era o exemplar número 0 da New Routes in ELT, publicação da DISAL. 

Na capa, eu li o nome Michael Lewis e abaixo deste nome li algo que chamou muito atenção:

the leading revolutionary against standard English teaching

Quem seria essa “liderança revolucionária contra o ensino tradicional de inglês“? Teria esse tal de Michael Lewis alguma resposta para minha busca por algo que fugisse do tradicional ensino de inglês: gramática, vocabulário e pronúncia?

Li as 5 páginas de sua entrevista e me identifiquei com o que ele dizia. Eu estava diante de algumas respostas às minhas inquietações. Após reler a entrevista, decidi que iria também ler seus livros: The Lexical Approach (de 1993) e Implementing the Lexical Approach (de 1997).

Quanto mais eu lia esses livros, mais eu aprendia. Mais meu jeito de ensinar inglês mudava. O melhor: mais ainda meus alunos passaram a gostar de inglês. Até mesmo aqueles que se achavam incapazes de aprender, começaram a se soltar mais e a participar das aulas.

No anos seguintes, fui aprendendo cada vez mais sobre essa abordagem de ensino – Lexical Approach – e aplicando em minhas aulas. Quando me tornei coordenador pedagógico, eu ensinei mais sobre minhas descobertas ao professores e professoras. Isso também ajudou todos eles a ajudarem ainda mais seus alunos.

Eu havia me tornado um Lexical Teacher e deixado de ser um traditional teacher.

Mas, qual a diferença?

Como um traditional teacher, eu sempre ensinei gramática, vocabulário e pronúncia. Independentemente de onde ensinasse, esse três itens eram ensinados de modo isolado e muitas vezes desconexos.

Claro que haviam sentenças comumente usadas em diálogos e situações específicas. Não posso deixar de fora que também ensinava phrasal verbs e idioms. Mas, no fim do dia, tudo se resumia a gramática, vocabulário e pronúncia.

Quando me enfiei a aprender a abordagem lexical, fui me tornando o que eu chamo de Lexical Teacher. O que mudou?

Eu passei a ver aqueles três elementos comuns no ensino tradicional de modo integrado. Isto é, gramática, vocabulário e pronúncia passaram a ser uma coisa só.

Gramática

A gramática não era mais ensinada como se fosse um simples conjunto de regras e termos técnicos a serem decorados mecanicamente. Eu aprendi que podia ensinar a gramática de uso e deixar a gramática normativa para outros momentos. A metalinguagem não precisava estar presente na sala de aula de modo obrigatório. Aprendi o conceito de colligation que responde a inúmeras coisas que a gramática normativa não costuma responder.

Vocabulário

O vocabulário deixou de ser apenas palavras soltas e/ou palavras raramente usadas. Agora eu estava diante dos chunks of language (formulaic language): collocations, semi-fixed sentences, fixed sentences, gambits, polywords e tantas outras coisas que são usadas naturalmente na língua e que dão muito mais poder aos alunos para que desenvolvam a tão sonhada fluência em inglês.

Pronúncia

A pronúncia ia além de ensinar apenas os sons isoladamente. Eu podia ensinar intonation, connected speech, sentence stress (suprasegmental features in English pronunciation). Enfim, nada mais de estressar meus alunos e alunas com os sons do th ou os minimal pairs.

Vale dizer que alguns aspectos do ensino tradicional, eu ainda ensinava. Afinal, eram recursos que eu tinha para ajudar meus alunos. Contudo, como um Lexical Teacher eu não focava apenas nisso. Eu ia além e meus alunos aprendiam cada vez mais e desenvolviam as habilidades comunicativas de modo mais natural e motivador.

O Lexical Teacher hoje

Mais de 25 anos depois, posso garantir que muita coisa nova entrou em cena para ajudar o Lexical Teacher. 

Pesquisas conduzidas pelo neurocientista Michael Ulmann, do MIT e Georgetown University, ajudaram a mostrar que o ensino lexical divulgado por Michael Lewis e outros especialistas antes dele é extremamente possível. Seu Declarative/Procedural Model tem influenciado não só os campos da psicolinguística e da neurociência cognitiva, mas também – em minha opinião – o da linguística aplicada. Afinal, precisamos saber como o cérebro adulto melhor aprende uma língua adicional.

Vários outros pesquisadores sugeriram mudanças no modo como ensinamos tradicionalmente a gramática. Deixar de ver a gramática como uma coisa, mas sim como um processo. Aqui o trabalho de Diane Larsen-Freeman, From Grammar to Grammaring, é leitura obrigatória.

Avanços na tecnologia da informação tornaram a Linguística de Corpus uma ciência fundamental para que o Lexical Teacherseja falante nativo ou não-nativo – ensine inglês de modo muito mais natural, dinâmico e até mesmo prazeroso para os alunos. O livro From Corpus to the Classroom é outra leitura obrigatória para quem deseja se tornar um Lexical Teacher. 

Hoje, o Lexical Teacher pode dar sua aula sabendo que a ciência da aquisição linguística está totalmente a seu favor.  Como vários outras ciências validaram (e ainda validam) o que os pais da teoria lexical diziam, o preconceito e dúvidas foram se tornando coisas do passado. Portanto, todos são mais que bem vindos a se tornarem Lexical Teachers.

Como se tornar um Lexical Teacher?

Desde quando Michael Lewis lançou seu The Lexical Approach em 1993, foram vários os livros e artigos publicados sobre o ensino lexical. Inúmeros outros autores e pesquisadores validaram os conceitos por trás desta abordagem.

Você pode começar lendo os livros que mencionei neste artigo. Mas, depois deverá ler muitos outros e assim entender as nuances dessa abordagem que ajuda na transformação de um traditional teacher para um Lexical Teacher.

  • The Lexical Priming (Michael Hoey)
  • Teaching Collocations (Michael Lewis, editor)
  • Grammar (Michael Swan)
  • Beyond the Sentence (Scott Thornbury)
  • Discourse Analysis (H. G. Widdowson)
  • Optimizing a Lexical Approach to Instructed Second Language Acquisition (Frank Boers e Seth Lindstromberg)
  • Teaching Chunks of Language (Frank Boers e Seth Lindstromberg)
  • Lexical Grammar: Activities for Teaching Chunks and Exploring Patterns (Leo Selivan)

Enfim, esses são apenas alguns dos livros que o profissional de ensino de inglês pode ter em sua estante para se iniciar a caminhada no seu aprendizado e desenvolvimento profissional.

Por outro lado, esse mesmo profissional pode também fazer cursos nessa área. Um dos cursos é justamente o que eu – Denilso – ofereço: Being a Lexical Teacher. O primeiro e – até o momento – único curso que tem como objetivo apresentar e preparar a professora ou o professor de inglês nos pontos essenciais do ensino lexical. Tem ainda os livros que publiquei:

  • Inglês na Ponta da Língua – método inovador para melhorar o seu vocabulário
  • Combinando Palavras em Inglês – seja fluente em inglês aprendendo collocations
  • Grámatica de Uso da Língua – a gramática do Inglês na Ponta da Língua

Caso queira saber mais sobre esse curso e como participar dele, leia todas as informações clicando aqui. Caso tenha ainda alguma dúvida, entre em contato. Será um prazer enorme compartilhar minha história e também meus conhecimentos com você que deseja agora se tornar um Lexical Teacher.

 

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