O Material das Escolas de Idiomas

Todo começo de ano é a mesma coisa. Ciente do fato de que milhares de pessoas desejam aprender inglês, as escolas de idiomas investem pesado em campanhas de marketing. O orçamento de algumas dessas campanhas ultrapassa a casa dos milhões de reais (ou dólares). No entanto, a pergunta é: esse marketing todo, ou a falta dele, importa?Aqui no blog já escrevi inúmeros textos com dicas sobre como escolher uma boa escola de idiomas. Afinal, investir milhões em marketing não é o mesmo que investir no desenvolvimento profissional de professores, na qualidade do material ou mesmo no material de apoio a ser utilizado. Enfim, investimento em marketing é uma coisa, investimento em qualidade pedagógica é outra. E poucas escolas (ou quase nenhuma) no Brasil fazem investimentos em qualidade pedagógica, em minha opinião!

Só para você saber, há redes de ensino de idiomas no Brasil que até hoje não investiram absolutamente nada no conteúdo linguístico do material que utilizam. Ou seja, continuam usando o mesmo material de 10, 20, 30, 40 anos atrás. Ao longo desse período apenas trocaram a capa, mudaram o papel, o tamanho do livro e só. O conteúdo (a “língua”) continua o mesmo. Isso no caso de algumas franquias, claro. Visto que as escolas mais tradicionais que não estão no sistema de franquias costumam usar material de editoras como Longman, Cambridge, Macmillan, Oxford e outras. Portanto, o material tende a ser mais atual no que se refere ao conteúdo linguístico.

Outra coisa muito curiosa no mercado brasileiro é que algumas outras redes do sistema de franquias criam seus livros fazendo cópia do material de outras redes ou mesmo dos livros de editoras. Copiam, mudam umas coisinhas aqui e ali, criam outras para dizer que é diferente e vendem a ideia de que o material deles foi desenvolvido por especialistas em linguística aplicada, pedagogia, psicopedagogia e mais tantos profissionais. O fato é que mesmo sendo uma cópia “melhorada”, com o tempo essas redes também entram no mesmo círculo: não fazem alterações no conteúdo linguístico e nas atividades do material. De acordo com eles, é muito caro alterar o material, portanto preferem não mexer em time que está ganhando. Assim, usam a verba no marketing (o time deles tem de continuar ganhando) e deixam de lado a qualidade de ensino vendida aos alunos (o time que está perdendo).

Só mais uma coisa: qualidade gráfica, capa moderna, design da embalagem, qualidade do papel e essas frescurinhas não significam que o conteúdo linguístico do livro seja excelente. Portanto, lembre-se: o design do livro não representa a qualidade linguística do mesmo. Olho vivo!

Por que estou falando isso? Atualmente, ao escrevermos um livro para ensino de idiomas, muitos itens são levados em consideração: experiência do(s) profissional(is) que escreveram o livro, abordagem de ensino utilizada no material, conceitos sobre aprendizado/ensino de uma segunda língua, pesquisas em linguística de corpus para que os textos, exemplos, diálogos, etc., sejam os mais naturais e reais possíveis, aplicabilidade das atividades para a faixa etária ao qual o livro se propõe, gravações de áudio que mostram o inglês natural e real, quantidade de horas de aulas em relação à quantidade de conteúdo do material, entre outras tantas coisas.

Isso que escrevi acima pode parecer bobagem para muita gente, mas do ponto de vista de ensino/aprendizado (qualidade pedagógica) faz uma enorme diferença. Portanto, ao escolher sua escola de idiomas esse ano, avalie o material. Pergunte quem escreveu, de que ano o livro é, quando foram as últimas alterações feitas no conteúdo, veja o que o livro traz de conteúdo (o indíce ajuda você a ver isso), enfim não veja apenas os desenhos, cores, embalagem, cheiro, etc. Avalie o conteúdo do livro! E nada de cair na história da venda casada dos materiais. Pode parecer bobagem agora, mas chegará a hora que você poderá se arrepender da escolha feita simplesmente por causa do material.

Se você tiver alguma história sobre materiais de cursos de inglês, conte para gente.

10 Comentários

  1. Excelente, mas saberia discriminar quais sejam essas escolas com material de má qualidade?

  2. IRÔNICO ESSE POST NUM SITE PATROCINADO PELA CULTURA INGLESA,NÃO? A MESMA CULTURA INGLESA QUE ALIÁS, FAZ O QUE TODA ESCOLA DE INGLÊS FAZ: OS MESMOS LIVROS RECICLADOS E A VENDA CASADA DE MATERIAIS… OUVI ALGUÉM DIZER "TIRO NO PÉ"? KKKKKKKKKKKKKKKK"

  3. Emiliano,Esse blog não é patrocinado pela Cultura Inglesa e por nenhuma outra escola de idiomas. O que você viu foi um banner gerado pelo Google Adsense. Logo, poderia ser uma propaganda de qualquer escola de idiomas cadastrada no Adsense (Wise Up, CCAA, Fisk, inFlux, etc.). Só para você saber o Google Adsense é o que faz com que o blog ganhe dinheirinho para se manter. Em resumo, o blog é independente, idôneo e mantido por um profissional que preza pela qualidade de ensino de inglês no Brasil. Esse profissional já trabalho em escolas da Cultura Inglesa e faz críticas a várias delas, inclusive ao método de ensino que é demorado, chato, cansativo, etc., mas isso é outro assunto.Acompanhe o blog com mais frequência e assim você perceberá isso. Aliás, leia os demais posts do blog e você aprenderá mais sobre o blog e o profissional que o mantém!Take care.

  4. Sim, Atsuki.Posso te dar o nome de todas as escolas cujo material é fraco e não atual. No entanto, por questões éticas e para evitar problemas, o melhor é não falar nada. Mas, para te deixar mais tranquilo, eu diria que 90% das escolas de idiomas no Brasil possuem um péssimo material do ponto de vista linguístico.Espero ter ajudado!

  5. Denilso, o que você considera um bom material? O que, nós professores poderíamos fazer para suprir essa deficiência dos livros?

  6. Denilso, Afirmar que 90% das escolas de idiomas no Brasil possuem um péssimo material é algo altamente desmotivador. Seria legal fazer justiça então àquelas que estão dentre os 10% e citá-las para que os vossos leitores possam ter conhecimento e assim buscá-las visando alcançar seus objetivos.

  7. Eu concordaria completamente se o autor do post conhecesse 90% do material utilizado no Brasil e no mundo.Sendo assim, desconsiderem qualquer informação postada pelo mesmo. Acreditem se os nomes forem explícitos e, as falhas, expostas.

  8. Obrigado por sua participação Sr. Anônimo. A diferença entre eu e você é que eu não me escondo atrás da alcunha de Anônimo.Ah! Você deve ter medinho pois não é especialista na área de ensino de língua inglesa. Que pena! Por isso se esconde!Minha dica para você é a seguinte: leia, pesquise, tenha contato com as editoras e escolas de idiomas no Brasil, ganhe conhecimento e respeito da área, faça curso de formação, participe de mesas redondas, dê palestras em faculdades de renome no Brasil e aí a gente pode começar a conversar. Tudo bem?Passar bem!

  9. Denilson sou contra o uso de marketing de massa na educacao. Pode haver campanhas discretas e tal, pode ajudar mesmo. Voce ja ouviu ou viu a Harvard, Oxford, Wharton, MIT, ITA contratar garoto progapanda para mostrar que a universidade é boa?? Marketing, propaganda, "fachada" bonita, livro colorido, sitcom é tudo pra distrair o cliente do que realmente interessa, QUEM é o professor e como ele trabalha. Como lidamos com algo "intangivel", essas escolas deitam e rolam…É só pirotecnia.

  10. Sou professor há 10 anos e já passei por diversas escolas. TUDO O QUE TEXTO ACIMA DIZ É A MAIS PURA VERDADE. Os livros são umas porcarias, e os alunos, coitados, são incautos e ignorantes, e não têm como avaliar. Dá até pena quando vemos um aluno com os olhos brilhando na mesa da divulgação, achando que aquelas promessas todas serão realidade…

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