You want to speak English or book English?
Há no título desta postagem duas observações interessantes para quem estuda [ou ensina] inglês. A primeira é que é uma pergunta; no entanto, eu não usei o verbo auxiliar “do” no início da sentença como pede a Gramática das Regras: “do you speak…?“. Além disso, o título quer saber se você quer falar “English” ou “book English“. Afinal, o que é “book English”? Vamos analisar isso com mais calma!
O fato de eu não ter usado o verbo auxiliar “do” na pergunta foi proposital. Na dica Fazendo Perguntas Informalmente em Inglês eu escrevi nem sempre usamos certos verbos auxiliares como exigem as “regras” gramaticais. Ou seja, no dia a dia é natural e frequente ouvirmos alguém dizendo:
- You live here?[Você mora aqui?]
- You guys went to the party last night? [Você foram pra festa ontem a noite?]
- You a teacher? [Você é professor?]
- You ok? [Você está bem?]
Você talvez estranhe isso. Porém, anote aí que no Spoken English [inglês falado] isso é extremamente comum e natural. Se você assistir a um filme ou seriado, ouvir uma música, conversar com falantes nativos da língua em situações naturais [neutras e informais], você notará isso com grande frequência. Portanto, foi por conta dessa naturalidade da língua que eu não usei o “do” na pergunta que dá título a esse post.
O que falar sobre o “book English“? De modo bem simples, “book English” refere-se ao tipo de inglês encontrado nos livros de inglês. Ou seja, é um tipo de inglês encontrado apenas nos livros e que, na maioria das vezes, não reflete o uso real e prático da língua. Algumas pessoas também chamam o “book English” de “bookish English” [inglês teórico]. Para ficar ainda mais claro, o turco Mustafa Baran escreveu um artigo sobre o assunto. Nesse artigo ele diz: “se você fala ‘book English’, por exemplo, você estará falando o que está nos livros e não na vida [real]“.
Isso significa que ao se preocupar demais [exacerbadamente] com as regras gramaticais na hora de falar inglês você estará falando “book English” e não “English“. Muitas vezes estudantes [e professores] de inglês se apegam tanto às regras e vocabulário dos livros de inglês que acabam falando apenas o “book English“. Michael McCarthy, uma autoridade no ensino e pesquisa da língua inglesa no mundo, escreveu:
Professores de Idiomas tem a tendência de trabalhar com um conjunto de regras baseadas na língua escrita, na qual a estrutura das orações e sentenças estão claramente definidas. A língua falada, no entanto, apresenta algo bem diferente, e frequentemente contém formas que seriam consideradas agramaticais [incorretas, erradas] na escrita. Esses ‘erros’ costumam passar despercibos na fala natural […] – em Discourse Analysis for Language Teachers, p. 143.
A preocupação com o “book English” acaba fazendo com que as pessoas percebam como a língua é realmente usada no dia a dia. Não só isso, mas muitas pessoas acabam estudando inglês durante anos, aprendem praticamente tudo sobre a gramática do inglês e palavras raramente usadas no dia a dia; esses ao irem para o mundo real ficam com a impressão de que não sabem nada de inglês, não conseguem entender o que é falado a elas, abrem a boca e falam “book English“. A fluência acaba sendo prejudicada por conta da vontade de falar tudo 100% correto. Essas situações acabam gerando frustração, medo, vergonha, desespero, ódio pela língua, etc.
O que fazer para sair do “book English“? As dicas são aquelas de sempre:
- Escute inglês o máximo que puder [leia mais sobre listening];
- Procure falar inglês do jeito que você puder [aprenda inglês falando];
- Falar fluentemente e falar 100% corretamente são coisas diferentes [Fluência em Inglês];
- Não decore apenas palavras isoladas, vá além [Decorar palavras ajuda a ser fluente?]
- Entenda que a Gramática Normativa é diferente da Gramática de Uso [leia mais sobre gramática]
Enfim, tenha sempre em mente que para ir além do “book English” depende muito mais de você do que de seu professor, livro, cursos de idiomas, etc. Só você poderá responder à pergunta no título dessa postagem da melhor maneira: you speak English or book English?
Olá Denilso,gostei muito da psotagem.Apesar de eu não desgrudar do bookish English,rsEstou lendo a página do autor Michael McCarhey, e observei que o livro que peguei emprestado é deste autor, English vocabulary in use.Estava estudando prefixos e sufixos, e como todos sabem, ajuda a ampliar o conhecimento de novas palavras.Tenho que estudar linking words com frequência, pois estou aprendendo complex sentences e é importante saber identifica-las;Também não sou a favor de decorar e estudar palavras isoladas, aliás sou pessíma de memória.obrigada pela postagem, que está me ajudando muito a ampliar a minha visão de ingl.
Nossa, tudo que eu sempre pensei a respeito de aprender uma segunda língua foi escrito neste post.Muita gente não consegue entender a diferença entre "inglês informal" e "inglês errado", e ficam desesperados em cometerem erros sutis enquanto falam, achando melhor nem se arriscarem a falar e evitar de errar.Parabéns por este post, e espero de uma vez por todas que as pessoas entendam a mensagem.
Estou estudando inglês e no meio da leitura lembrei de uma dúvida…Já vi texto que eles utilizam ON no lugar de ABOUT. Poderia falar sobre isso em algum post, visto que são preposições diferentes mas que podem ser utilizadas para a mesma função…Só não entendo pq!
O uso do "Do" e outros auxiliares quando se quer fazer uma pergunta pode muito bem ser omitido numa conversa informal. O problema é que nas escolas os professores martelam tanto na cabeça dos alunos que para perguntas devemos usa-lo que fica até difícil mudar nosso pensamento.
At Facebook:"Excelent post about speeking English or "Book English" (informal x formal). "It don't mater raw good or bed is your English as long as you can comunicate with others!" Yes, the sentence above has a lot of errors, but you got the message, didn't you?https://www.inglesnapontadalingua.com.br/2010/10/you-want-to-speak-english-or-book.htmlAt Inglês na Ponta da Língua, by teacher Denilso De Lima "Nice job!
KKKKK……"BED", "RAW"…really interesting!
I got your message!!! That's what matters.
Acho muito importante deixar claro para os alunos as duas formas "English" e "book English", e deixar os alunos desenvolverem sua fluência, mas sempre lembrando do "book".Falo isso pois conheço muitos que não dão importância para a gramática, pensam apenas no inglês falado, e justamente na hora de escrever um artigo ou um e-mail numa linguagem mais formal, já não sabem como fazê-lo, pois não dão a devida importância ao "book English".Nao defendo aqui o "book" mas é como no Português, onde sabemos das normas, ou buscamos saber, mas falamos uma linguagem coloquial no dia a dia.
Quanto mais leio Denilso, mais à vontade fico no falar o inglês fluentemente. Acho que nenhum nativo domina por completo o seu próprio idioma. Certa vez,enviei uma poesia que fiz em inglês para uma amiga americana. Fiquei surpreso com o comentário dela; ela me disse que teve dificuldade em compreender, alegando que o seu grau de estudo era somente High. Acho que peguei pesado no inglês ao utilizar termos complexos e eruditos. Fiquei pasmo.
A diferença entre português e book português é um abismo cujo fim ainda não foi encontrado.
E quando alguém resolve falar algo a respeito a mídia, os falsos linguistas disfarçados de gramáticos e os desocupados da ABL resolvem se colocar contra! Infelizmente, é assim!
Maravilha de postagem! Agora não preciso mais ter medo de falar inglês informalmente por achar que pode estar errado. Obrigada. Felizmente existem as séries americanas legendadas pra ajudar a treinar a fluência de forma mais informal, com expressões completas em vez de palavras isoladas.
Boa dica Denilso !
Os estudantes têm sim medo de não saber manter um diálogo com um nativo; devido a este problema de pensar em errar a gramática da sentença ao falar. Este era um dos meus problemas, agora dependendo da situação eu falo formal ou informalmente..Mas certamente como ninguém é um know it all, tenho muito mais a aprender a respeito,aliás, a língua Inglesa está tão viva e propícia à mudanças quanto qualquer uma.
that´s an excellent tip, as always man!
take care,
Carlos.
Concordo com o post, mas gostaria de aproveitar para dizer que tudo o que é exagero pode ser prejudicial. Ok, não vamos falar como robôs, mas os alunos não devem se aproveitar disso para deixar de estudar gramática.
É bem diferente você ouvir um nativo falando a língua do dia-a-dia e ouvir um brasileiro, por exemplo, que mora e trabalha há anos nos Estados Unidos mas nunca estudou a língua e nem fez nenhum curso lá. Esse brasileiro fala inglês, se vira bem, mas é notório que ele nunca estudou. É como um brasileiro que mora no Brasil e não teve estudo. Quando ele abre a boca ou escreve alguma coisa, dá para perceber.
Então não devemos ficar presos aos livros, mas precisamos sim seguir pelo menos as dicas dadas no final do post.