Sobre o Ensino de Inglês no Brasil

Todas as vezes que eu escrevo algo aqui no blog sobre o ensino de inglês no Brasil, recebo um monte de e-mails de donos de escolas (ou mesmo donos de franqueadoras) dizendo que não é bem assim e que eu tenho a mania de pegar no pé deles. Às vezes, eu acho que algumas devem ter fotos minhas com os dizeres “Procura-se”.O interessante é que nunca cito nome de escola alguma, não falo mal de ninguém, só falo dos problemas que vejo. Afinal, como profissional na área, eu leio, pesquiso, analiso, critico, penso, repenso e assim vou indo.

Outro fato também curioso é que inúmeros estudantes de inglês, que acompanham o blog escrevem coisas como “é bem assim mesmo”, “estudei anos na escola tal e não aprendi nada”, “o material é ruim mesmo” e por aí vai. Claro que, muitas vezes, os alunos também têm culpa nisso. Foi por isso que escrevi a dica “Você é um bom estudantes de inglês?”. Assim, eu esperava deixar as coisas mais equilibradas.

Felizmente, eu não sou o único a meter o pau (se é que eu falo isso!). Há outras pessoas que também criticam o jeito como a língua inglesa é ensinada no Brasil. No final desta dica você assistirá a um vídeo feito pelo amigo Sérgio Pantoja Júnior, ELT Professional e dono de uma escola de inglês, no qual uma figura histórica fala sobre o ensino de língua inglesa no Brasil. O vídeo é uma montagem, mas na qual faz-se piada com algo extremamente sério. Portanto, se você é um profissional comprometido com o ensino de inglês no Brasil, veja o vídeo e pense a respeito. Se você é estudante de inglês, veja se você se identifica de certa maneira com algo que é dito.

No vídeo você ficará sabendo que apenas 24% da população brasileira é realmente fluente em inglês (eu ainda questiono esse número, acho que é muito menos). Pense bem! Em um país com mais de 200 marcas de escolas de idiomas (e marcas gigantescas que deveriam investir na qualidade do ensino, do material, dos professores, etc.), 24% é um número absurdo. Mas calma! Ainda falta dizer que a grande maioria desses 24% certamente não aprendeu inglês no Brasil e que nesse grupo estão apenas profissionais brasileiros que ocupam cargos de gerência para cima. Essa pesquisa foi feita pela Catho Online em 2009. [Aproveite e leia também o artigo “Tantas Escolas! Tão Poucos Falantes!” que escrevi em 2009].

Calma aí! Isso tudo ainda pode melhorar. Que tal você ficar sabendo também que o Brasil é o país com o maior número de escolas de inglês no mundo!? Sim! Esse recorde é nosso! Nem a China ganha da gente! Ah sim! Vale dizer que na China (assim como na maioria dos países do mundo) o ensino de inglês é de responsabilidade do Estado. Na China o governo investe maciçamente em políticas públicas para o ensino da língua inglesa. Você, cidadão comum, sabe bem o que é isso, não é mesmo? País em desenvolvimento sabe que tem de falar bem a língua do mundo para poder ganhar destaque no cenário mundial. Tenho a sensação que que certo país sul-americano também em desenvolvimento precisa aprender algo a mais com os chineses. [Leia também esse artigo O Ensino de Inglês no Brasil: atualmente e no futuro”, publicado em 2008.]

Enfim, chega de papo! Assista ao vídeo! E divirta-se com algo absurdo! Como dizem alguns outros profissionais sérios da área de ensino de língua inglesa, essa é a realidade do Brasil, o país da Copa, o país que quer muito e faz pouco. Caso não esteja visualizando o vídeo abaixo, clique aqui.

Para encerrar de vez o assunto, vamos ver mais uma estatística. De acordo com pesquisa de 2009 feita pelo Target Group (ligado ao Ibope), 12% da poulação afirmou entender um programa de TV em inglês e 13% afirmou ser capaz de ler um jornal ou revista sem problemas. A pesquisa foi realizada com 45% da população brasileira que reside em grandes centros comerciais. Na classes sociais, o índice fica assim distribuído: 26% da população das classes A e B entende inglês; 6% da população da classe C (população que representava na época 52% da população do Brasil) diz entender inglês; e, 2% da população das classes D e E também diz entender inglês.

A EF (grupo de ensino de língua inglesa) criou um índice chamado de EPI (English Proficiency Index). De acordo com o levantamento de 2011, o Brasil ocupa a 31ª primeira posição. No índice da EF a proficiência do Brasil em inglês é baixa. Esse é o índice do país com o maior número de escola de inglês no mundo! O que você acha disso?

Pronto! Agora me dou por satisfeito! Bom final de semana a todos vocês!

13 Comentários

  1. Mas Denilso, cá pra nós, esses 24% estão super faturados não?Será que esse número é de fluentes mesmo, ou aqueles que se auto declararam fluentes? Afinal, depois de 5 anos numa escola o aluno mesmo não sendo, não vai admitir. Eu sou um completo leigo no assunto, mas minha impressão é que nessa conta estamos longe dos 10%.AbraçoLuciano

  2. Luciano,É difícil falar sobre a exatidão dos dados, mas o que sabemos é que, se dentro desses 24%, digamos que 20% sejam fluentes. Oras, esse é um número muito baixo! Uma vez que, teoricamente, todos aprendemos inglês na escola, e não só isso, existe uma diversidade imensa de escolas de idiomas Brasil a fora.Então, acredito que a questão não seja essa. A exatidão dos dados, mas sim, quão ruim é essa estatística. E aqui estamos nós, professores de inglês comprometidos com a educação e com o conhecimento, lutando para mudar essa triste realidade.Abraços,Bruna.Curta o Inglês na Ponta da Língua no Facebook

  3. Alessandro,O dado refere-se apenas aos profissionais brasileiros (ou seja, pessoas que estão no mercado de trabalho e ocupam cargos de gerência para cima). Se formos analisar o contexto nacional o número se reduz muito mais. Vocês tem toda razão.Abraços,Bruna.Curta o Inglês na Ponta da Língua no Facebook

  4. Pessoal,Eu também acho 24% muito alto! Mas, não posso aqui mudar os números da pesquisa da Catho Online. Os dados são deles.Eu tenho para mim que algo entre 5% a 10% da população é realmente fluente em inglês. E a maioria desses fluente o são por causa da vivência no exterior ou por terem aprendido sozinhos. Ou seja se formos comparar o número de estudantes e ex-estudantes em escolas de idiomas, tenho para mim que vamos rir muito ainda!Enfim, a pesquisa da Catho mostra que é 24,5%. Infelizmente, não sei como foi feita a pesquisa e muito menos o que eles definiram como "ser fluente". Portanto, está lá o número.No entanto, minha opinião é outra.Curta o Inglês na Ponta da Língua no Facebook[Denilso de Lima]

  5. Denilso,Sei que os números apresentados não foram inventados. Mas a afirmação "24% da população brasileira é realmente fluente em inglês" fora da realidade.Acho que esse número é beeem menor, como disse o Luciano.Take care!

  6. Olá Denilso. Muito boa sua publicação de hoje e o assunto merece grande discussão mesmo. Já fui professora de Inglês em escola de idiomas e sei o quanto falta investimento para os professores. Aliás essa questão não é só com o ensino de língua inglesa, mas sim com o ensino no país de forma geral. Enfim, um velho problema do Brasil sempre em desenvolvimento. Esse número com certeza é menor, a maioria das pessoas que já conheci que se dizem fluentes em Inglês deixam muito a desejar. Acredito que a Catho tenha se baseado no nível de proficiência que os próprios candidados cadastram em seus perfis, o que muitas vezes não é a realidade. Enfim, achei divertido o vídeo (embora extrapole um pouco nas legendas…rs) mas o tema é digno de preocupação já que temos tantas promessas para o futuro da nação e a imagem que ela deseja construir no cenário mundial. Bom final de semana!

  7. Oi, Denilso,acho que esse é um tema preocupante sim, mas faço algumas observações:- o Brasil é o país que mais tem escolas de inglês, mas quantas delas são públicas? Não vejo surpresa ao constatar que quanto maior a classe social, maior a quantidade de "fluentes". E acho que o acesso às escolas de idiomas ajuda sim.- a educação no Brasil vai mal como um todo. Não sei qual seria o critério para avaliar a "fluência", mas gostaria de saber, usando um critério sério, qual seria o número de "fluentes" em português entre nós. – claro que é muito importante aprender um pouco de inglês, mas será que é mesmo importante para todo mundo ser fluente? Eu acho que para os gerentes a percentagem deveria ser maior, mas, por ex., para um médico, pode ser que ler seja o suficiente. Para um caminhoneiro? Um professor de português? Um padeiro de Miracema do Norte? Eles precisam de "fluência"?(obs, são todos bem sucedidos no meu exemplo… tá, menos o professor.) Quero dizer que 100% de fluência não deve ser uma meta, nem todo mundo precisa ou quer isso. Por isso acho que a pesquisa fez certo, avaliou apenas entre os gerentes. Sendo assim, 24% está mesmo pouco. Mas acho bobagem tentar jogar isso para a população toda.-"12% da poulação afirmou entender um programa de TV em inglês" – e quantos nunca tiveram a oportunidade de ver um programa de TV em inglês?? TV a cabo ainda é luxo!- eu estudei inglês no CCAA quando criança e gostei muito. Mas o preço, era salgadíssimo!

  8. Denilso, esse vídeo e suas palavras traduziram exatamente o que descobri nos últimos anos.Passei 3 anos, gastando uma pequena fortuna para agilizar meu aprendizado(aulas VIPs numa escola conceituada no mercado) em inglês por causa do meu trabalho. Depois de FINALIZADO O CURSO, na PRIMEIRA reunião com americanos, eu me senti uma analfabeta! Queria sumir naquele momento, de tanta vergonha.Foi ai que percebi que nenhum curso iria me ajudar, decidi pegar todas as minhas economias e investir num intercâmbio. Infelizmente minhas economias nao me permitiram ficar mais que 2 meses fora, mas nesse tempo descobri que nesses 3 anos eu simplesmente joguei meu dinheiro na lata do lixo. Muitos dos professores não estavam interessados e nem eram preparados para dar aulas, alguns desconheciam até o conteudo do livro. O que pude perceber lá nos EUA, é que muitas das expressões que aprendi aqui, não são mais usadas a anos, o que pude aproveitar mesmo foram as regras gramaticais.Hoje recomendo as amigas que têm seus filhos na fase escolar é mandá-los para um intercâmbio ou acampamentos de imersão, porém esses acampamentos são ainda extremamente caros.Um dia perguntei a uma professora o que era o exame de proficiencia, a resposta que recebi foi que era um teste para provar que é fluente no inglês, que era extremamente difícil passar com uma nota boa. Que ela mesma tinha tentado uma vez e não passou. Fiquei chocada! Como ela poderia estar dando aulas sendo que não conseguiu fazer o teste de proficiencia?Enfim, acho que esse é o retrato do Brasil, um monte de profissionais que só têm o diploma em mãos! E falta o principal, a vocação e o interesse pela sua profissão!!! LAMENTÁVEL!!!

  9. Muito interessante esse artigo!Vejo muitas pessoas que se dizem fluentes mas realmente nao tem noção do que isso significa…Se esses "fluentes" fossem morar em outro pais nao sei se os 3 ou 4 anos de curso que fizeram daria pro gasto rsMas acho que a questao vda metodologia nao é só um problema do Brasil nao… Atualmente moro no exterior e decidi fazer um curso de alemao…qual nao foi a minha surpresa quando vejo que a aula foi totalmente ministrada em ingles? Um absurdo! Os proprios alunos so queriam tirar duvidas e falar em ingles. Sei la, nao gostei muito nao…Pelo menos no Brasil, a maioria dos cursos tenta trabalhar com o metodo imersao o que por aqui na Australia parece que estao muito atras do Brasil no quesito ensino de lingua estrangeiraAbs

  10. Olá Denilso! Olá a todos. Bom, pelo que percebi estou entre gente de muito alto conhecimento. Mas voltando ao foco, eu sou estudante de inglês…INfelizmente faço curso de inglês, mas é para aprimorar poucas coisas como algumas pronúncias, coisas que podemos aprender em casa se quisermos. O que eu posso afirmar é que, a maioria (não todos) dos cursos de idiomas da língua inglesa não estão aptos a isso. Tudo que vi no curso, eu vejo em casa. Não vou dizer que aprendi entender/falar inglês em curso porque eu estaria mentindo, se eu não corresse atrás, não me dedicasse ao que eu gosto eu não teria saído do verbo to Be. E em relação a escolas públicas, eu acho que a culpa não é toda por "profissionais que apenas tem diplomas em mãos", poís há MUITA falta de interesse de alunos (digo isso por que vejo e presencio isso todos os dias). Então podem haver sim, apenas esses "profissionais com diplomas em mãos", mas tem muitos que tem a vontade de ensinar, porém a falta de interesse do aluno não deixa.Bom, obrigado pela oportunidade de estar aqui. Desculpem me se houve algum erro ortográfico ou coisa do tipo, e Denilso parabéns pelo trabalho que você vem fazendo. Keep helpin' us rsrs

  11. Não acredito que sejam 24%. Duvido, me nego, grito, choro e rolo, mas não acredito nisso. Acho que nem 10% pra falar a verdade.Aqui na escola onde leciono (franquiada), já é o segundo treinamento e seleção de professores que é feito e acaba sem que nenhum candidato escolhido. E o pior é saber que tem alguns que dizem "Ah, eu dei aula x anos na escola tal, portanto, tenho experiência".Mas por outro lado, dá pra contar nos dedos os alunos realmente dedicados. Muitos a gente vê fazendo a lição de casa um pouco antes de começar a aula, lá na cantina mesmo, e aqueles exercícios onde tem que escrever um pequeno texto, eu descrever algo, ficam em branco, pois a preguiça impera. E quando falamos "faz o exercício, não é pra agradar o professor, é pra você mesmo", vem a famigerada resposta, "eu sei teacher, mas é que não tive tempo". Acredito que muitos de nós professores (do Brasil todo) tentam realmente fazer o melhor. E além do mais, independente do material/professor/escola ser bom ou não, nem uma língua se aprende praticando uma vez por semana. Ponto.Há pouco descobri o blog. Muito bom. Parabéns.

Botão Voltar ao topo