Só quem estudou inglês nos anos 80 e 90 vai entender

Inglês nos Anos 80 e 90

Dias atrás, ao dar uma palestra a um grupo de estudantes, mencionei como hoje é extremamente fácil ter acesso a vários conteúdos para estudar inglês. São inúmeros sites, livros, fóruns, grupos em mídias sociais, páginas, comunidades, aplicativos, vídeos no Youtube, etc.

Foi então que uma participante levantou sua mãozinha e tascou a seguinte pergunta:

Denilso, como vocês faziam para estudar inglês antigamente?

Confesso que a palavra “antigamente” doeu lá no fundo e causou-me uma certa inquietação. Após recuperar-me do choque, dei ao grupo algumas ideias de como estudávamos inglês nos anos 80 e 90. Prometi ao grupo de brilhantes pimpolhos que escreveria algumas linhas aqui no site com mais detalhes. Portanto, seguem abaixo algumas coisas que só quem estudou inglês nas décadas de 1980 e 1990 vai entender.

Letras Traduzidas

Essa revista era vendida em bancas de jornais. Todo mês tínhamos um novo exemplar. Portanto, todo mês era mês de escolhermos uma música e aprender algo com elas. O objetivo era melhorar o listening em inglês e também a pronúncia. O problema é que a revista só trazia a letra, se nós não tivéssemos a música para ouvir o jeito era se virar. E esse se virar era feito com o item seguinte.

Fitas Cassetes Virgens

Essas fitas eram usadas para gravarmos as músicas tocadas nas rádios. Funcionava assim: a gente fica com o ouvido colado no rádio e quando o apresentador anunciava a música desejada a gente gravava a música para ouvir depois. Só assim éramos capazes de ouvir as músicas que vinham a revista Letras Traduzidas. Era assim que a gente fazia download de músicas naquela época! O estresse ao gravar uma música vinha quando o locutor da rádio resolvia falar algum besteira enquanto a música tocava. Era o mesmo que o sinal de internet cair e perdermos o download.

Cursos de Inglês em Disco (LP)

Eu não peguei esse tempo! Mas, tem um amigo meu que pegou. Ele me disse que antes das fitas cassetes o material de listening era nesses bolachões aí. Eu fico aqui imaginando como eles faziam para repetir só um trecho específico de um texto ou atividade!

Cursos de Inglês com Fitas Cassetes e em Vídeo

Esses são mais do meu tempo! O curso que eu tinha nesse formato chamava-se The King’s English. Era composto por um livro texto (coursebook), um livro de atividades, um conjunto de 10 fitas cassetes e um livreto com as respostas das atividades. O meu não tinha fita-cassete. Infelizmente, todo meu material foi devorado por milhares de formigas cruéis e maquiavélicas. Acho que é por isso que eu odeio formigas até hoje!

Revista Speak UP

Gente, a revista Speak UP era tudo na vida de quem estudava inglês. Vocês não tem noção de como ela quebrava nosso galho. Todo mês a revista trazia uma entrevista com alguém famoso, textos relacionados à cultura de um país de língua inglesa e entrevistas com os caras do local, vocabulário novo, uma fita cassete para ouvir quase tudo. Nossa! Era fantástica! Eu só deixei de comprar quando substituíram as fitas cassetes pelos CDs. Por quê? Porque eu não tinha um tocador de CDs em casa, então não tinha mais como ouvir as matérias! Fiquei muito chateado com isso!

Curso de Idiomas Globo

Fala sério, vai! Quem é que não queria ter todo o material do Curso de Idiomas Globo? Eu nunca tive! Mas, vontade não faltava. O que faltava mesmo era dinheiro. A propaganda desse negócio passava em horário nobre na Rede Globo. Então, era óbvio que todo mundo queria ter!

Dicionário Michaellis

Nas escolas o que mais se via era esse dicionário aí da imagem. Ele estava disponível para venda até mesmo em papelarias. Portanto, praticamente todo mundo tinha um.

Dicionário Inglês-Português-Inglês Amadeu Marques

Quando não era o Michaellis, era esse dicionário aí que roubava a cena. Esse dicionário me ensinou muito. O legal é que Amadeu Marques e eu palestramos juntos em um evento anos atrás. Na ocasião contei a ele a seguinte história.

Em 1994, eu estava estudando em cima de um barco às margens do Rio Madeira (Porto Velho, RO) e devido a um forte  banzeiro (ondas de rio), eu me desequilibrei e meu precioso dicionário caiu nas águas sujas do rio. Claro que eu entrei em desespero! Pensei até em jogar um colete para ele! Mas, não dava! Perdi meu melhor amigo. Bom! Tive de juntar dinheiro por uns três meses para conseguir comprar um novo. Esse novo é o que tenho aqui comigo até os dias de hoje! O outro virou comida de peixe mesmo! Tomara que tenham aprendido algo!

Curso para Aprender Inglês Dormindo

Naquela época também tínhamos a turma que queria aprender sem esforço também. A turma que acreditava em milagres. A turma que achava que dá para aprender só na moleza. Enfim, vocês acreditam que até hoje, em pleno 2015, tem gente que vende isso? Sem comentários, né!

Programa Inglês com Música

Por último, mas não menos importante, tenho de citar o programa Inglês com Música exibido na TV Cultura nos anos de 1970 e 1980. Esse programa ajudou muito gente! Trata-se de um clássico! Abaixo, compartilho com vocês o vídeo da primeira versão do programa (1975) apresentado pela eterna musa do programa Marisa Leite de Barros. Tenho certeza que o pessoal mais saudosista, vai derrubar uma lágrima agora. [Se não estiver vendo o vídeo abaixo, clique aqui!]

Era assim!

Pois é, turma do bem! É isso aí! Era assim que a gente se virava para aprender inglês nos anos 80 e 90. Hoje em dia é tudo muito mais fácil! Juro que eu queria ter as oportunidades de hoje na época que eu decidi aprender inglês. Sei lá! Ou eu aprendia melhor ou eu perderia tempo com jogos, mídias sociais, bate-papos, sites fúteis e, consequentemente, hoje não estaria aqui mantendo o Inglês na Ponta da Língua para vocês. Quer saber! Foi muito bom e não me arrependo. Cada geração tem seu jeito e suas ferramentas; portanto, cabe a cada um usar o que tem em benefício próprio. Estudem! 🙂

E você que estudo inglês naquela época!? Lembra de algo que esteja faltando na lista acima? Compartilhe com a gente aí na área de comentários. Vamos relembrar algumas maluquices boas daqueles anos maravilhosos.

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15 Comentários

  1. Hahaha…também sou de “antigamente”..um pouco menos que você, mas também sou..

    A diferença é que eu morava em cidade pequena e não tinha acesso a quase nada disso aí que você falou. Meu estudo era mais na “prática”: eu jogava muito em inglês e, como na época não se traduziam os jogos como hoje, eu acaba lendo bastante. A parte do listening ficava por conta de CDs de música que eu tinha em casa. Principalmente aqueles do “Globo Collection”, que vinham junto com assinaturas de revistas da Editora Globo. Bons tempos aqueles..hehe

    Parabéns pelo post e sucesso sempre!

    Ueritom

    1. Meu querido Ueritom, faz tempo que não te encontro aqui nos comentários! Saiba que você é sempre bem vindo! Alias, todo mundo é! Enfim, eu também não tinha tudo isso de material à minha disposição. No começo eu me virava como podia (até livro escondido da biblioteca da minha escola, eu pegava). Com o tempo, comecei a trabalhar e então consegui comprar algumas coisas (poucas, mas que eram bem usadas em prol do meu aprendizado). Enfim, só quem é de antigamente sabe como essas coisas eram complicadas! rsrsrsrs… Abraços! 🙂

      1. Eu sempre vejo seus posts por e-mail, Denilso. Não comento sempre porque nem sempre julgo ter algo inteligente e/ou relevante a dizer…kkkk

        Os tempos eram outros. A gente se virava como podia. Éramos “guerreiros”..e hoje ouso dizer que fazemos partes dessas “facilidades” que os novos aprendizes têm, pois na nossa época mal existia internet, imagine blogs. 😉

        Vida longa aos blogs de inglês! 😀

  2. Adorei este post, super divertido! Acho que vou comprar o CD “aprendendo inglês dormindo”. Adorei! hahahahahaha

    1. Valeu, Carina! Bom saber que o post foi divertido! A ideia era mesmo divertir; claro, que acima de tudo instruir de alguma forma! rsrsrsrs… Quanto ao CD “aprendendo inglês dormindo”, não sei se a gente encontra ainda por aí; mas, garanto a você que tem embusteiro vendendo essa ideia na internet até os dias de hoje. Vou te mandar o link lá no Facebook para você conferir! rsrsrsrs

  3. Isso me levou a pensar sobre como os povos antigos aprendiam outros idiomas. Quando os Normandos ( falantes do francês ) invadiram a Inglaterra como será que ocorria esse tipo de aprendizado entre esses povos? E os eruditos que falavam latim com certeza também deveriam falar outras línguas. Aliás, o mundo seria melhor se todos tivessem continuado a falar o latim como língua mundial da ciência e da diplomacia.

  4. Bueno, cá estou eu. Falou em velharia e ensino de inglês, tenho algumas pérolas para compartilhar.
    A primeira delas diz respeito a “improving your listening skills”. A manha era a seguinte, você juntava os caraminguás que possuía e ia até uma locadora alugar aquele vhs do Rambo ou do Braddock, mas tinha que alugar no sábado, pois assim ficava com a “fita” o fim de semana todo e só pagava uma diária. No primeiro dia era pra treinar inglês, então você comprava uma fita crepe (é daquelas marrons) e arrancava dois pedaços bem grandes (da largura da tela da TV) e colava no rodapé da TV. Assim, você conseguia assistir ao filme sem as legendas para te atrapalhar. Era desse jeito que escolhíamos a opção “No subtitles”. O interessante é ver que hoje em dia as pessoas preferem assistir a filmes dublados. Os outros dias você assistia ao filme com as legendas pra checar o quão perto você havia chegado da compreensão ideal.
    A propósito, levei muita bronca da minha mãe por deixar as tvs de casa com adesivo na tela rsrsrsrsrsrs Tempo bom!

  5. #2
    Estamos falando de um tempo em que skype, iMessage, hangouts, facetime e outros eram apenas sonho. Assim, a oportunidade que você tinha de praticar seu inglês era somente com o seu professor, duas vezes por semana, ou quando encontrava algum gringo perdido no meio da rua e você se dispunha a ajudá-lo, desde que ele se dispusesse a te ouvir e trocar algumas palavras contigo. E assim a gente fazia, não perdíamos uma única oportunidade de usar o idioma. Coitados dos gringos que nos encontravam rsrsrsrsrsr No meu caso, essa proatividade me foi de grande valia, pois não tive tempo para ter medo de falar, travar no momento da fala, ou mesmo ter medo de errar. Eu ia lá, dizia o que queria e me virava pra entender quando ele ou ela respondesse. E quanta amizade eu fiz por conta disso! Tive muitos alunos que travavam na hora de dizer o que queriam. Gente, o que posso dizer é: se arrisque, não tenha medo de errar, exponha-se ao idioma, você sabe mais do que acha que sabe, basta deixar isso sair.

  6. Olá, Denilso! Parabéns pela página! Lembra da coleção Pop Music curso de inglês? Tenho a coleção completa e poderia enviar fotos dos long-plays para completar essa mostragem de como estudávamos inglês antes do evento da internet. Vou colocar no meu Google drive e compartilhar com você. Para qual endereço? Grande abraço!

  7. Gente, amei esse post! Também sou dessa época! Alguém lembra de um programa de TV que eram episódios sobre uma família, e tinha explicações de inglês no meio? Não consigo lembrar o nome….

    1. Hello, Lilian! Eu lembro vagamente de um programa assim; mas, não era algo que eu via com frequência. Vou ver se descubro algo e aí volto a publicar aqui!

  8. Eu sempre gostei do inglês, desde criança, mas só intensifiquei o aprendizado depois dos 30 anos, fiz o curso de letras mas não conclui… só de uns 2-3 anos pra cá é q consigo ver um filme, ouvir uma musica e entender quase 100%, mas ainda tem muita coisa q não entendo, no caso dos filmes, tenho q ver com a legenda em ingles, mas já é um bom avanço!!

  9. nossos netos vão rir do jeito que aprendemos idiomas hj assim como rimos da forma de aprender dos anos 80 e 90, talvez daqui 100 anos aprender um idioma será como aprender a andar de bicicleta ou aprender a dirigir um carro, ou talvez as pessoas simplesmente não precisarão aprender, talvez simplesmente haverá alguma forma de ela entender o que é falado em outra lingua e ela possa responder sem nunca ter estudado…
    eu acho que nos próximos 10,15 anos as escolas de inglês ficarão obsoletas (na minha opinião já estão) e todo mundo aprenderá pela internet.

  10. E quem sabe o nome daquela professoora Loira que era cantora que passava de manhazinha aos sábados ou domingos. Eu lembro quando ela cantava “I’ll never find another girl…” dos Beatles.

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