International English: características e curiosidades

Após escrever o postO que é o International English?” não esperava receber emails de leitores querendo saber mais a respeito. Afinal, geralmente as pessoas querem saber sobre o inglês americano ou o inglês britânico. Pelo visto a mensagem do International English e o valor que ele tem no mundo hoje foi passada de forma eficiente.

Diante dos emails e mensagens, decidi escrever mais esse post extra abordando algumas características e curiosidades do International English. Afinal, no que ele se difere em relação às variantes da língua inglesa consideradas padrão (americano e britânico)? É isso que você vai aprender se continuar lendo esse texto.Uma das coisas notáveis no International English é que as palavras usadas por todos são de fácil compreensão. De certa forma, o que notamos é que as palavras usadas são aquelas frequentemente usadas em inglês. No entanto, palavras com vários significados (get, por exemplo) são deixadas de fora ou usadas pouquíssimas vezes. Pode acontecer de uma pessoa saber uma palavra a mais que outra; porém, nesse caso poderá não usá-la caso perceba que seu interlocutor não entenderá o que será dito.

Consequentemente, o falante do International English costuma explicar mais as coisas. Para isso, o falante procura dizer de modos diferentes algo que não foi compreendido (seja uma palavra, uma expressão, etc.). Essas explicações são as mais simples e claras possíveis. O objetivo dessa simplicidade é auxiliar na comunicação. Para que isso ocorra, os falantes diminuem a velocidade na hora de falar e procuram pronunciar as palavras do modo mais claro possível (mesmo com dificuldades).

International EnglishO usuário do International English acaba sendo também mais educado e paciente ao conversar com as pessoas. Ele presta mais atenção às diferenças culturais entre ele e seu interlocutor. Esse é o ponto crucial dentro do International English: saber identificar e respeitar as diferenças culturais. Escolas europeias que ensinam esse novo inglês dão aulas de culturas mundiais a seus alunos (geralmente dos principais países no contexto político e econômico). A vantagem disso é que além de aprender uma língua, o aluno também aprende costumes e tradições de outros países. Isso aumenta nos alunos a consciência geopolítica e o respeito pelos demais.

A gramática também não ficar de fora no International English. Afinal, o que se tem notado é a simplificação das estruturas gramaticais. Algumas estruturas tidas como rebuscadas ou complicadas demais são deixadas de lado. Algumas concordâncias verbais como o s’ na terceira pessoa do singular no Simple Present é praticamente eliminado. Alguns tempos verbais são usados de modo bem diferente quando comparados ao inglês de falantes nativos. Enfim, surge aí uma nova estrutura linguística com construções novas e que devem ser compreendidas entre os interlocutores.

Dito isso tudo, tenho de acrescentar que o International English continua sendo um mistério. Para muitos estudiosos é apenas um conceito abstrato. Isso devido ao fato de não haver uma forma padrão que diga o que é certo ou errado. Por outro lado, o que todos dizem é que o objetivo principal no International English é a comunicação. E como bem se sabe nem sempre falar 100% corretamente (graticalmente) significa ser comunicativamente competente. Ou seja, o ponto-chave é passar a ideia para a outra pessoa. Caso haja ruídos na comunicação (má compreensão), os interlocutores negociam os significados até que tudo fique compreendido. Esse é a máxima dentro do International English. Não importa como dizer as coisas, o que importa é se fazer entender e entender a outra pessoa.

Algumas pessoas mais radicais acham que isso é o fim da língua inglesa. Na verdade, não é o fim! Pois, o inglês do falante nativo continuará existindo e sendo falado entre os grupos que o falam (será passado de geração a geração). O que temos aqui é o surgimento de um novo inglês. Uma língua inglesa mais simples, menos complicada, mais fácil e que facilitará a vida de muita gente. Afinal, a obsessão por falar como um americano ou um britânico será deixada de lado. O jeito da outra pessoa falar inglês será valorizado e, claro, o seu jeito de falar inglês será tão bom quanto o dos demais.

Para encerrar cito um trecho do livro “English as a Global Language”, do mais influente linguista e estudioso da língua inglesa na atualidade, David Crystal: “Uma língua é uma imensa instituição democrática. Aprender uma língua nos dá direitos sobre ela. Podemos acrescentar coisas a ela, modificá-la, brincar com ela, criar coisas nelas, ignorar partes dela, da forma como bem desejar. E é assim que o provável rumo da língua inglesa será influenciado por aqueles que a falam como uma segunda língua ou língua estrangeira bem como por aqueles que a falam como uma língua nativa. […] O número de falantes nativos da língua inglesa tem caído drasticamente em comparação aos usuários de world Englishes…” Portanto, é possível que no futuro o International English com suas características gramaticais e lexicais (vocabulário) se torne a variante que terá prestígio internacional.

Em resumo, o International English parece ser a bola da vez. Mesmo não tendo ainda muitas informações sobre seu padrão e características mais detalhadas, temos de ficar atentos a ele. Pois, futuramente, ele será a variante do inglês que dominará o mundo e ser capaz de se comunicar em inglês com pessoas de outros países fará toda a diferença.

6 Comentários

  1. Bom dia denilso estou aqui hj para agradecer por seu esforço em ensinar ingles na internet, atraves de dicas muito uteis que ultrapassam a lingua inglesa e pode ser usado por um estudante de qualquer lingua.No meu caso eu uso muito suas dicas nos meus estudos de hebraico.Eu sou aluno de hebraico moderno e tenho um blog http://www.cafecomhebraico.wordpress.com e uso suas super dicas tanto no meu aprendizado diario quanto nos posts do meu blog para ajudar pessoas autodidatas em hebraico.Muito obrigado por suas dicas E QUE DEUS ABENÇOE SUA VIDA.

  2. Mas Denilso , aprendendo este International English , você não estará mais limitado ao se comunicar em um país falante nativo da língua inglesa?Pois imagino que ninguem aprende inglês por que quer morar no Japão , ou na França , mas sim por que quer morar em um país falante nativo de inglês onde se usa as estruturas que pelo o que eu entendi são deixadas de lado no International English.

  3. Nesse caso, Matheus, você deveria ter lido os demais textos da série. Pois neles é comentado que se você for morar em um país de língua inglesa você aprenderá a língua do local. Ou seja, você aprende o inglês geral e ao ir para uma região onde o inglês é a língua nativa você aprenderá (adquirirá) o inglês local.Além disso, vale dizer que cada região onde o inglês é a língua nativa possui pronúncia, gramática e vocabulário próprios. Ou seja, mesmo dentro de um país como a Inglaterra você encontrará várias diferenças que fogem do inglês considerado padrão.Imagine a situação: você sai do Brasil falando português e vai morar em Portugal. Com o tempo de convivência no local você começa a falar como eles (pronúncia, sotaque, vocabulário, etc). O mesmo acontece com o inglês!=]

  4. Obrigado Denilso, agora eu entendi , eu tinha lido os outros textos já (Eu tenho o Feed RSS) , mas acho que não tinha entendido muito bem , agora ficou bem mais claro. O negócio é então aprender o International Engligh e depois se "especializar" de acordo com seus interesses.Obrigado

  5. Exatamente Matheus!Você foi no ponto. O ideal é aprender inglês de modo geral e depois, com um nível maior de conhecimento, você se especializa em uma variante ou outra.Lembro-me de que quando eu comecei a aprender inglês, estudava de qualquer jeito, falava de qualquer jeito, me virava de qualquer jeito. Depois de um tempo fui morar em uma colônia de americanos e acabei peguei o jeito americano de falar inglês.Quando sai da colônia fui trabalhar em uma escola de inglês britânico e acabei tendo de reaprender muita coisa. Nessa escola, comecei a me dedicar ao exames da Cambridge (FCE, CAE e CPE). Logo, me debrucei em livros de inglês britânico. Fiz curso de fonética e fonologia britânica. Dediquei tempo e esforço para aprender o vocabulário britânico. Linguagem corporal e tudo mais que você imaginar. Ou seja, quase virei um inglês. Fiz as provas e passei. Um dos examinadores do CPE chegou a me perguntar em que região da Inglaterra eu havia morado, pois meu jeito de falar era meio do norte de Londres.Depois fui trabalhar em uma escola de inglês americano. Percebi que deveria reaprender o inglês americano para poder ensinar os alunos de acordo com o que estava nos livros. Comecei tudo de novo: curso de fonética e fonologia americana, gírias e expressões americanas, etc., etc.; no fim, acabei me especializando também no inglês americano ao ponto de me perguntarem quanto tempo morei nos Estados Unidos.Em resumo, você pode falar o International English no começo. Pode usá-lo para entender as pessoas das mais variadas regiões do mundo, pode saber das suas características e tudo mais; no entanto, nada impede que você se "especialize" ou se dedique a aprender uma variante específica da língua inglesa caso considere necessário e válido para você.=]

  6. Muito interessante esse assunto, ainda não conhecia essa idéia. Gostei porque sempre achei que devemos aprender a falar o ingles de uma forma geral, se focarmos em um ou outro ficamos limitados e as vezes até frustados no caso da pronuncia e sotaque. O importante é comunicar, afinal sempre seremos BRASILEIROS falando ingles.

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