Gírias em Inglês: aprender ou não?

Com certa frequência, recebo pedidos de pessoas que querem que eu fale sobre gírias em inglês. O desejo dessas pessoas é que eu faça uma lista das gírias mais usadas no dia a dia da língua inglesa. Mas, será que aprender gírias em inglês é realmente algo que vale à pena? Até que ponto aprender e usar gírias é realmente válido? Nesta dica vou falar sobre isso e ajudar você a entender melhor este assunto.

Aprender Gírias em Inglês: sim ou não?

Diante dos inúmeros pedidos, eu poderia fazer aqui uma lista de gírias sem problema algum. Afinal, é só compilar o material e publicar. Mas, como profissional de ensino de inglês, eu devo dizer que aprender gírias em inglês – ou em qualquer outra língua – pode ser, e geralmente é, algo bem complicado. Afinal, as gírias devem ser sempre usadas com cuidado e moderação. Vejamos isso!

Em português, conheço inúmeras gírias: verme (pessoa imprestável), bundão (pessoa medrosa ou pessoa idiota), chapado (bêbado, drogado), magrela (bicicleta), gororoba (comida ruim), miar (dar errado), paia (mentira, conversa fiada), papo reto (conversa direta e sem meios termos). Mas eu e inúmeras outras pessoas que conheço não usamos essas gírias no nosso dia a dia.

Ao dar uma palestra, eu não falo algo como: “aí, cambada, papo reto com vocês sobre essa parada aqui“. Isso não soará muito bem no ambiente. Pois, não se espera que um palestrante fale dessa maneira.Portanto, muitas vezes as gírias não são bem vindas.

Gírias em InglêsPor outro lado, ao falar com meus familiares e amigos, posso usar algumas gírias. Assim, posso dizer a um amigo algo como “a parada lá miou!“. Meu amigo e eu compartilhamos o assunto, sabemos do que se trata; logo, compreendemos o que está sendo dito. Claro que há gírias que não usarei com todos os meus amigos e familiares. Algumas são restritas a um grupo de amigos específicos.

Como você pode ver, o uso de gírias em português é algo que exige cuidado e bom-senso. Esse cuidado e bom-senso, nós adquirimos ao longo da vida. Como falantes da língua portuguesa e também conhecedores de nossa cultura, nós sabemos quando é apropriado usar gírias ou não. Para isso, levamos em conta o ambiente (local), o grupo de pessoas com o qual falamos, o fato da gíria ser conhecida para aquele grupo e coisas assim. Esse conhecimento nós adquirimos naturalmente e sabemos a hora certa de usar ou não.

Falando sobre Appropriateness

Em Linguística, esse conhecimento natural é chamado de appropriateness. Essa palavra feia serve para indicar que você, estudante de inglês, precisa aprender/saber se uma palavra ou expressão é apropriada para uma determinada situação (contexto).

Por incrível que pareça, appropriateness é algo que muito estudante de inglês ignora. Não por que querem, mas por achar que o que ouvem por aí vale para tudo. Como assim?

Ao assistir a um filme, um estudante de inglês pode ouvir as palavras “douche bag” e “scumbag” e ler a tradução na legenda como “idiota“, “tapado“, “babaca“, “imbecil“, “otário“. Esse estudante pode então achar que essas palavras podem ser usadas em toda e qualquer situação. No entanto, é preciso tomar muito cuidado! Pois, essas duas palavrinhas aparentemente inofensivas são consideradas extremamente rudes em inglês. Logo, o uso delas não é apropriado em todos os cantos onde se fala inglês.

Assim, é bom saber que as gírias em inglês podem muitas vezes parecer inofensivas para nós, mas podem soar extremamente ofensivas para os falantes nativos.

Um outro exemplo é a palavra “jugs“, uma gíria para “seios grandes“; mas é considerada grosseira e ofensiva. Outra é “jerk around“, cujo significado mais comum é “passar o tempo sem fazer nada“; no entanto, devido à presença da palavra “jerk” que remete ao ato da masturbação, seu uso deve ser evitado em todas as situações. É preciso saber quando é apropriado usá-las. Para um estudante de inglês como segunda língua, o melhor é nunca usá-las. Evitando assim passar a imagem de grosso, mal educado, deselegante.

Outro problema das gírias

Claro que nem todas as gírias são ofensivas, grosseiras, pesadas e coisas assim. Um exemplo é “pin“, uma gíria usada para se referir à perna. É inofensiva! Assim, você pode dizer “what happened to your pin?” (o que aconteceu com as pernas dele?). O problema é que essa gíria não é conhecida em todos os cantos onde o inglês americano é falado. Trata-se de uma gíria restrita a uma região ou grupo de pessoas. O mesmo vale para calaboose (cadeia), kvetch (reclamar), pillowed (grávida), yazzihamper (pessoa insolente) e outras tantas. São gírias usadas por algumas pessoas em alguns locais e não por todos os falantes de inglês americano. O melhor fazer é ficar com as palavras neutras: leg, jail, complain, pregnant, obnoxious person.

Algumas gírias são bem conhecidas e usadas por praticamente todos os falantes nativos da língua. Algumas dessas já até fazem parte dos dicionários e são ensinadas sem problemas. Mas, temos sempre de manter em mente se o uso delas é apropriado ou não em determinada situação. Por exemplo, a gíria dude serve para dizer “cara” (pessoa). Ela é tão comum que aparece em seriados, filmes, músicas, etc. Muita gente a aprende e até diz algo como “what’s up, dude?” (E aí, cara?). Todavia, trata-se de uma gíria informal que ninguém a usaria em uma reunião de negócios ou ao conversar com um agente de imigração ou um policial. Ou seja, melhor não usar dude.

De modo geral, aprender gírias em inglês é interessante. Elas fazem parte da língua. Você precisa entender o que as pessoas dizem e elas usarão gírias uma vez ou outra. Portanto, aprenda gírias. Saiba o que elas significam. Mas, acima de tudo, procure saber se a gíria que você aprende é apropriada ou não em determinada situação ou ao falar com determinado grupo de pessoas. Só assim você estará realmente aprendendo gírias em inglês.

Por fim, lembre-se sempre do seu nível de conhecimento da língua inglesa. O uso das gírias costuma cair bem com pessoas que já são capazes de falar inglês fluentemente. Um estudante básico ou intermediário tentando usar gírias pode soar estranho. Assim, leve sempre em consideração o seu próprio nível de inglês. Isso também ajuda você a soar mais natural e à vontade com as gírias.

Agora que falei sobre o lado mais técnico das gírias em inglês, sinto-me mais à vontade para, vez ou outra, compartilhar algumas gírias por aqui.

That’s all for now, guys! Take care and keep learning!

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10 Comentários

  1. Heheheh. Achei engraçado certa parte do texto. Por coincidência, uma vez eu estava entrando nos EUA e quando ia me aproximando da cabine, o agente de imigração já fala: "What's up, dude?"
    Claro que ELE pode, né? Mas pelo menos eu já sabia que a entrevista ia ser muuuito tranquila 🙂

  2. Olá Denilson! Conheci o site há pouco tempo e já gostei muito. Já estudei inglês mas por falta de prática nunca me tornei fluente mas agora pretende estudar o suficiente para alcançar esse objetivo e esse site está me ajudando muito, adorei as dicas! Parabéns!

  3. Adorei!!! Realmente muito esclarecedor.Parabéns!

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